terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dilemas de uma profissional de Recursos Humanos


Ética – Como analisar diante da nossa história e perante a história dos outros
Ontem participei de uma seleção de profissionais para uma instituição financeira, e as reações e respostas dos entrevistados me fizeram refletir sobre a palavra ética e a Liberdade.
O fogo às vezes aquece e outras vezes queima, ou ainda que a água possa matar a sede e também nos afoga. No entanto, às vezes as coisas não são tão simples: certas drogas, por exemplo, aumentam nossa energia ou produzem sensações agradáveis, mas seu abuso contínuo pode ser nocivo. Em alguns aspectos são boas, mas em outros são más: elas nos convêm e ao mesmo tempo não nos convêm. No terreno das relações humanas, essas ambiguidades ocorrem com maior freqüência ainda. A mentira é, em geral, algo mau, porque destrói a confiança na palavra – e todos nós precisamos falar para viver em sociedade – e provoca inimizade entre as pessoas; mas ás vezes pode parecer útil ou benéfico mentir para saber alguma vantagem, ou até para fazer um favor a alguém. Por exemplo, é melhor dizer ao doente de câncer incurável a verdade sobre seu estado, ou deve-se enganá-lo para que ele viva suas últimas horas sem angústia? A mentira nos convém, é má, mas às vezes parece acabar sendo boa. Procurar briga com os outros, em geral é inconveniente, mas devemos consentir que violentassem uma garota diante de nós sem interferir, sob pretexto de não nos metermos em confusão? Por outro lado, quem sempre diz a verdade – doa a quem doer – costuma colher a antipatia de todo o mundo; e quem interfere ao estilo Indiana Jones para salvar a garota agredida tem a maior probabilidade de arrebentar a cabeça do que quem segue a vida assobiando. O que é mau às vezes parece ser mais ou pior e o que é bom tem, em certas ocasiões, aparência de mau. Haja confusão!
Saber viver não é tão fácil, pois é preciso lidar com diversos critérios opostos. Em matemática ou Geografia, há sábios e ignorantes, mas os sábios estão sempre de acordo quanto ao fundamental. No viver, por outro lado, as opiniões estão longe de ser unânimes. Se alguém prefere levar uma vida emocionante, pode dedicar-se aos carros de Fórmula 1 ou do alpinismo; mas quem preferir uma vida segura e tranquila fará melhor em buscar as aventuras no videoclube da esquina. Alguns garantem que o mais nobre é viver para os outros, mas há pessoas que acham que o mais útil é conseguir que os outros vivam para elas. Segundo certas opiniões, o que conta é ganhar dinheiro e nada mais, ao passo que outros afirmam que o dinheiro sem saúde, tempo livre, afeto sincero ou serenidade nada vale. Médicos respeitáveis mostram que renunciar ao fumo e ao álcool é um meio seguro de prolongar a vida, e os fumantes e bêbados respondem que com essas privações sua vida se tornaria muito mais frouxa. E assim por diante.
À primeira vista, a única coisa com que todos nós concordamos é que não concordamos com todos. Mas observe que também essas opiniões diferentes coincidem em outro ponto, ou seja, nossa vida é pelo menos em parte, resultado daquilo que queremos. Se nossa vida fosse algo inteiramente determinado e fatal, irremediável, todas estas considerações não teriam o menor sentido. Ninguém discute sobre se as pedras devem cair para baixo e para cima: elas caem para baixo e ponto final. Os castores fazem diques nos rios e as abelhas favos de alvéolos; não há castores que tentem fazer alvéolos de favo nem abelhas que se dediquem à engenharia hidráulica. Em seu meio natural, cada animal parece saber perfeitamente o que é bom e o que é mau para ele, sem discussões ou dúvidas. Não há animais maus nem bons na natureza, embora talvez a mosca considere má a aranha que tece sua teia e a devora. Mas para a aranha isso é inevitável...
De modo que parece prudente atentarmos bem para o que fazemos, procurando adquirir um certo saber-viver que nos permita acertar. Esse saber-viver, ou a arte de viver, se você preferir, é o que se chama de Ética.
Maria Lúcia Batista Conrado Martins

Um comentário:

  1. É muito gratificante,me fazer parar para pensar e refletir sobre tudo o que é ético,que a ética não é só parte da filosofia que estuda os valores ,a conduta humana,mas também são princípios que nos permitem avaliar antes de julgarmos e pensar no outro,refletindo e respeitando os modos de vida de cada um.
    É engraçado, também, vermos o quanto as pessoas mudaram esses conceitos a seu favor. Na segunda-feira,assistindo o programa APRENDIZ da TV Record, vi o quanto os nossos profissionais esquecem de se utilizar da ética, e buscam vencer de qualquer maneira,a qualquer custo. Eu passo enxergar como falta de princípios, de berço, educação, sem direcionamento. Vejo, também, como perda de um foco.
    Ser livre, todos somos, mas livres fundamentados em responsabilidades. Nas organizações usamos de liberdade, mas, também, vem aquela tal palavrinha que nos acompanha sempre - LIBERDADE COM ÉTICA.
    karlucia Maués

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