domingo, 11 de março de 2012

Eu, você e o professor

    Esta semana encontrei com meus pares numa oficina ministrada por mim, aos professores da Escola Municipal Laurival Cunha, em Barcarena. Confesso que foi um momento ímpar em minha caminhada profissional. Lidar com as reflexões, as angústias, as perdas e luto da profissão Professor não é fácil, principalmente nos dias de hoje. Este texto está sendo escrito, e quero que não seja uma mensagem, um desabafo, para ser lido, analisado e principalmente questionado pelos meus pares. Aqui há, na realidade, um conjunto de considerações colhidas desta oficina, que pode ser registrado como um artigo acadêmico, para estudo em escolas, universidades e para os interessados nesta área.
    Há um mito acalentado por muitos professores é o da suavidade do processo educativo. Isso é ilusão pedagógica vendida principalmente aos jovens educadores, aos que estão se iniciando nesse trabalho.
    Defendo, com base em minha experiência e na dos professores da Escola Municipal Laurival Cunha, que o processo educativo conhece, às vezes, momentos de grande aspereza, sem deixar com isso e ser educativo. A educação não é sempre um caminho florido. Ao contrário, principalmente em se tratando de educandos em situações de risco pessoal e social, o processo, muitas vezes, é árduo, pesado, doloroso e difícil.
    A tensão, o risco e a angústia nem sempre podem ser evitados pelo professor, eles são parte da essência mesma desse tipo de trabalho. Aqueles que não quiserem enfrentar isso devem ter a honestidade de afastar-se dessa área de atuação. É bom deixar claro que conviver, às vezes, com esses estados emocionais não significa, de modo algum, sucumbir a eles, transformando o trabalho num muro de lamentações.
    Tomar decisões difíceis, sustentar medidas desgastantes, impor limites, expor-se às críticas dos bem-pensantes, cobrar compromissos, correr riscos, assumir apostas, enfrentar os dissabores da crítica e da autocrítica são alguns componentes do que chamamos de Asperezas do processo educativo. Sem essa dureza e essas dificuldades, teremos apenas um simulacro de educação, um “Faz-de-conta pedagógico”, um conto da carochinha, uma ilusão a mais na vida de nossos educandos e dos professores.
    Esta aspereza precisa à vezes às duras penas serem digeridas por nós, professores, causando muitas vezes grandes estragos na nossa vida emocional e profissional. É preciso pensar nos professores com a devida acolhida e escuta, com a devida fala e coesão, com o devido entendimento e aceitação, enfim, viver a parceria sociedade/escola/família e você que neste momento lê e reflete comigo a história da educação.
    Por tudo isso é que a formação dos professores e, ainda mais amplamente, de todos os profissionais da educação tem que ser um processo permanente. Entretanto, pela conjuntura particular que estamos vivenciando, premidos pela agudeza da não-eficácia generalizada da escola, ela se impõe de maneira que vivemos um momento singular de síntese, reconceituadora e revolucionária no coração  da escolaridade, que acena para um novo tempo.
Maria Lúcia Batista Conrado Martins

2 comentários:

  1. A vida de um professor é realmente um desafio a cada dia, ser professor é ser capaz de entender e repassar conhecimentos que muitas veses vão influenciar na vida de pessoas que absorvem o que esta sendo ministrado, educar com amor e profissionalismo, é um sacerdócio constante sem vacilação, ademais o ensino ministrado vai influenciar no pensamento e atitudes.A sala de aula é a segunda casa de um educador, ele se dedica , se doa totalmente e muitas vezes o seu esforço não é reconhecido e ele tem que ter autocontrole e muitas vezes, ser mais que profissional, para que sua estrutura emocional não seja prejudicada e sim se mostrar forte e capaz de superar com resignação os desafios do dia a dia, ser educador é ser humano demais, a ponto de entender a todos, com um detalhe, orientando quem não se condiciona como ouvinte e as vezes discorda dos ensinamentos ministrado para a sua elevação intelectual, em fim a luta é perpétua durante o exercício da missão tão honrosamente aos mestres atribuída.(Cb Luis Antonio)

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  2. Luís

    Muito obrigada pelas lindas palavras que registrou. Quando alguém reconhece nosso trabalho e o declama com tanto carinho, só nos resta permanecer em nossos sonhos de continuar a tentar melhorar nosso mundo/sociedade para que possamos ser mais felizes.

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